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Siba Puri dá vida e voz ao projeto PsyDub Originário no Sesc Campos

Publicada em: 20/08/2024 15:28 - Notícias

Neste mês de agosto indígena, quatro unidades do Sesc RJ irão receber as pernambucanas Siba Puri e DJ Synesthezk, que dão vida e voz entre rimas poéticas ao projeto PsyDub Originário, do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2024. O trabalho musical é resultado da exploração de sonoridades e percepções extra-sensoriais, fundamentada na união dos ritmos e suas linguagens musicais de matrizes africanas e indígenas como o Dub, o Reggae, o Hip Hop, Caboclinho e Maracatu e construções de synths psicodélicos unidos a letras inspiradas no convívio com a natureza e de cunho social. Os shows têm início no Sesc Barra Mansa, no dia 23 de agosto, segue para Nova Friburgo, no dia 24, agita o Sesc Copacabana, no Rio, dia 27, e encerra sua turnê no dia 30, em Campos dos Goytacazes. 

 

Este trabalho nasce a partir da união da multi-instrumentista e rapper Siba Puri: mulher indígena nascida em Olinda e com origens ancestrais do povo Puri do RJ; com a DJ Synesthezk, mulher preta, também pernambucana, produtora musical e integrante do coletivo cultural “Boikot”. Esta união transcende a contemporaneidade e desperta a expansão da consciência sobre questões sociais ligadas a defesa dos direitos indígenas, proteção ambiental, espiritualidade e visibilidade LGBTQIAP+. Participam ainda do show Monique Xavier, na dança e performance; e Lui Cavalcante, nas projeções psicodélicas.

 

 “Para mim, essa turnê é muito importante pelo fato de acontecer em Território Puri, em cidades onde nossa história e memória vive em cada grão de areia. Eu como uma Indígena Puri em retomada sinto que é uma grande responsabilidade cantar nessas cidades. Estamos afirmando nossa identidade e existência indo contra a teoria de que estamos extintos. Alguns de meu povo, assim como eu, estão em diáspora, longe do território ancestral em processo de retorno. Essa turnê celebra o resgate da história da minha família que tenho feito há alguns anos. Já percorri diversas cidades e conheci muitos Puris das regiões, mas é a primeira vez que eu vou levando meu show no Rio de Janeiro e faço isso hoje com muito respeito e muito amor”, alegrou-se Siba, completando: “Estou bem emocionada de ter ao meu lado em um dos shows (o de Copacabanaa minha tia Regina Célia, que sempre foi inspiração pra mim. Cresci ouvindo histórias dos diversos shows que ela fazia na região em que vivia, cresci ouvindo sua voz e seu violão embalando meus sonhos”.

 

O projeto surge desse desejo de unir forças ancestrais do povo indígena e do povo preto às tecnologias, à contemporaneidade. A circulação desse trabalho fará emergir – através da atmosfera sonora – as imagens, os sentimentos e a representatividade de um povo que luta contra a tentativa de apagamento e colonização de mentes e corpos, trazendo à tona a importância do conhecimento, do fomento à arte contemporânea e à arte originária, e da preservação dos saberes ancestrais.

 

“Para nós, originários, a arte é intrínseca à própria natureza, integrada uma a outra na teia do existir, portanto uma não existe sem a outra. PsyDub é música, é imagem, é corpo, é movimento, é vento, é folha, é tecnologia ancestral nas artes visuais, na voz e em todo lugar. A proposta é gritar a nossa afirmação, nossa existência muito antes da chegada das caravelas”, destacou Siba. 

 

Quem é Siba Puri

 

Siba Puri é cantora, percussionista, arte educadora, produtora, diretora musical e desenvolve um trabalho que tem como influência a sua avó, que em território Puri, em São José de Ubá - RJ, criava canções de roda sobre a força encantada presente na terra e nas estrelas. Além de se inspirar também nas histórias e ensinamentos do seu avô, originário de Areia, Paraíba. 

 

A vivência da artista no contexto urbano em Olinda, onde nasceu, proporcionaram um contato direto com a cultura popular no bairro de Rio Doce, um dos berços do Movimento MangueBeat. Seu contato se iniciou logo na infância quando participou do grupo percussivo de Maracatu do mestre Nido. 

 

A artista cresceu ouvindo e brincando o Baião, Côco, Frevo e Caboclinho, juntamente com as linguagens urbanas do hip-hop e do reggae. Com isso, a artista une a arte ancestral Puri aos elementos da cultura pernambucana e jamaicana, fazendo esse elo entre territórios e memórias rompendo as fronteiras impostas pelo colonizador. Nasce a partir disso o que a artista chama de “Dub Originário”. 

 

Siba Puri faz parte da AME - Aliança Multiétnica, do Movimento da Juventude Indígena em Contexto Urbano - Pernambuco, do Movimento Plurinacional de Indígenas Mulheres Wayrakuna e tem fortalecido a Música Indígena Contemporânea no Brasil e no mundo. 

 

Foi premiada no concurso mundial de música promovido pela cooperativa musical “Artlink” da Suíça. Teve seu trabalho exposto no Museu das Culturas Indígenas em São Paulo, na WOMEX, em Portugal e no 5° Congresso Nacional da CSI, na Austrália. Recentemente, seu single “Notícia nos Jornais” foi lançado na agência internacional que é referência em reggae mundial, a Reggae Ville, que já lançou músicas de artistas que são suas referências como Dezarie, Ziggy Marley e Protoge. 

 

Siba Puri também foi embaixadora do movimento mundial “Make Music Indígena 2023”. Em 2024, lançou o seu segundo EP intitulado “Descaravele”. No cinema, atuou na construção da trilha sonora do filme “Recolando Retina” premiado na “Caravana Tribal Nordeste” e na produção executiva e trilha sonora de “Ingá” de Monique Xavier, filme que foi premiado no Festival Internacional de Dança e Vídeo - Dança em Foco, “melhor roteiro e melhor fotografia”. Além disso, foi auxiliar de trilha sonora no filme “Território em Trânsito” de Renna Costa. 

 

Ao longo da sua jornada musical, a artista já participou de festivais e eventos como, por exemplo: Festival Internacional Amazoniza-te; Carnaval do Recife; Jornada de Agroecologia da Bahia (Teia dos Povos); Usina Sonora - TV Cultura, Festival no Ar Coquetel Molotov; Virada Cultural de São Paulo, Festival de Música Indígena do Maranhão, Recn’play, I Festival Indígena de Conde, na Paraíba; I Mostra de arte contemporânea Wayrakuna – BA, e 23° Assembleia Xucuru, Mostra de Música Indígena Contemporânea Sesc 24 de Maio - SP, Festival de Inverno de Garanhuns PE 2023, Festival Brasil Terra Indígena promovido pelo Mídia Indígena com apoio do Ministério da Cultura e Ministério dos Povos Indígenas.

 

Quem é DJ Synesthezk

 

 Rafaella Orneles, visionária pernambucana, é mentora em oficinas de desenvolvimento de áudio na linguagem de interfaces digitais, produtora musical, compositora e DJ, também integrante do Coletivo de arte e cultura psicodélica BoiKOT. 

 

Mulher negra costurando a trajetória na cena eletrônica e musical, num desafio de trazer à tona a ancestralidade na ocupação de espaços com o projeto Synesthezk.

 

Leva da RAVE, a inspiração das experiências extra sensoriais que se despertam em cenários psicodélicos e o real significado da sigla, “Radical Audiovisual Experiencie” abrindo os portais extra-sensoriais na consciência de quem vivencia e as chaves são a indução da discotecagem, síntese sonora, sob inúmeras possibilidades de modulação de áudio capturados em viagens, vivências e pesquisas para criação de suas fórmulas musicais, acendendo colapsos espirituais, políticos e afetuosos no instante já!

 

Sua arte vem passando por apresentações em grandes eventos pelo Brasil, como Festivais da BoiKOT, Essential, Shambhala (PE), Hakimou e Biosfera (RN). Resistrance (PI), Festival de Música Indigena (MA), Virada Cultural (SP), Universo Paralelo, Vale Dançar (BA), Ziohm vs Bug e Element (CE).

 

Sobre o Sesc Pulsar:

 

Criado em 2021 para reativar o setor após o impacto da pandemia de Covid-19, o edital vem se consolidando como uma das mais importantes ferramentas de incentivo à cultura fluminense. Na última edição, o Sesc RJ recebeu inscrições de 4.153 projetos de 23 estados. Nos últimos dois anos, o número de atrações foi ampliado em 125%, alcançando mais de 1 milhão de pessoas, em 20 unidades da instituição e em dezenas de espaços escolares e urbanos.

Em sua quarta edição, o Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar foi aprimorado para facilitar a inscrição de projetos. Intervenções de graffiti, apresentações nas unidades hoteleiras do Sesc e o incentivo a inclusão de ações de acessibilidade nas produções estão entre as novidades desta edição. 

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